Quase onze
horas. Os letreiros dos bares anunciam o pequeno-almoço inglês. Pessoas
passeiam nas ruas. Hoje mais calmas, sem o reboliço quotidiano apesar de
movimentadas. Londres é sem dúvida uma cidade moderna, que respira e vibra.
Cheia de gente jovem e que transborda história por todos os poros. Os turistas
circulam, fotografando aqui e ali. Tudo fervilha vida.
Como com
calma na esplanada os meus ovos mexidos, acompanhados por duas salsichas. Um
sumo de laranjas acabadas de espremer: todo um perfume concentrado num só copo;
o pão quente liberta o aroma da manteiga derretida misturados com o fumegar de
uma chávena de café que se espalha pelo ar e nos faz salivar. Abro o jornal; as
mesmas notícias de sempre. A crise da Europa; o elogiar do espírito inglês, que
não entrou nas aventuras da moeda única. Nem quer (e fez muito bem); o jogo da
semana entre o United e o Chelsea; uma visita da Lady Kate a um Hospital - desta feita ao
dos veteranos -. Hoje está um dia particularmente bonito. O sol brilha e enche
de alegria toda a cidade, habituada ao cinzento das nuvens. Foi difícil ao
princípio. Sou português, trago o sol na alma. O mar sempre próximo - é um país
pequeno -, recordando-nos o espírito aventureiro das Descobertas; daqueles que
partiram sem ter a certeza de um regresso. "Dar novos mundos ao mundo", aprendemos na Escola. A nossa
História é feita de heróis: Afonsos, Joões, Vascos, Pedros. Mas no
fundo, país que começa com um gajo a bater na mãe, nunca podia chegar a bom
porto!.